Diáspora italiano no Vale do Itajaí: Resiliência em um tempo de grandes dificuldades de Cleiton de Queiroz

16 Maggio 2025 Centro Studi Grandi Migrazioni Comments Off

As diásporas existem e se formam desde os tempos mais remotos. A resiliência e o aprendizado dos novos residentes são fundamentais para a adaptação em locais desconhecidos, especialmente quando precisam compartilhar espaço com aqueles que já estão estabelecidos na região. Um exemplo notável é o povo italiano, que, diante de dificuldades como fome, falta de moradia e guerras, decidiu migrar para um novo continente em busca de uma vida digna e pacífica, não apenas para si, mas também para aqueles que permaneceram em sua terra natal, e precisavam diminuir a população para que os que permanecessem, sobrevivessem. O sacrifício foi uma forma de amor a pátria mãe. Este artigo aborda a diáspora italiana, que desempenhou um papel crucial na construção de diversas nações americanas. Focaremos na imigração do vale do Itajai.

Com a esperança de terras férteis e uma vida melhor, esses imigrantes enfrentaram 30 dias dramáticos a bordo de barcos a vapor, deixando para trás familiares e amigos, não estando cientes de que talvez nunca mais retornariam, embora a lembrança de sua terra natal permanecesse viva em seus corações, sendo perpetuada nas colônias da américa. No Vale do Itajaí, os italianos tiveram que recomeçar quase do zero. Diferentemente de outras regiões do Brasil, como São Paulo e Minas Gerais, onde a sociedade já estava estruturada por grandes fazendeiros de café e ex-escravizados, os italianos chegaram a uma área onde a colônia Blumenau, composta por imigrantes alemães, já ocupava o espaço. Fundada em 1850, essa colônia apresentava uma cultura e língua distintas, e, 25 anos depois, os bravos italianos de Trento, compostos por 120 famílias, chegaram à região em 1875. Os próprios alemães ajudaram a conduzir os novos imigrantes às terras onde iriam se estabelecer.

O assentamento dos novos imigrantes da terra da bota foi estrategicamente levados a áreas próximas a aldeias ameríndias, e a geografia das cidades de imigração italiana, como Rodeio, Ascurra, Benedito Novo e Rio dos Cedros, revela que essas localidades eram limítrofes a reservas indígenas. Essa organização da imigração italiana visava criar um escudo contra possíveis conflitos, utilizando os italianos como uma linha de frente. A convivência entre os italianos e os alemães, inicialmente marcada por hostilidade refletia a percepção de que pertenciam a raças e culturas diferentes, sem contar que dividiam proximidade com povos nativos, que viam a ocupação com grandes altercações. Contudo, os italianos enfrentaram o desafio com muita resiliência, desenvolvendo cidades que preservavam sua cultura arquitetônica, dialeto originário e culinária. Aos poucos as diversas comunidades foram adquirindo a língua portuguesa, influenciando sua fonética e contribuindo com léxicos da língua imigrante. O mais curioso é que essas comunidades preservaram-se e ainda preservam-se bilingues, na esperança de trazer a Itália de outrora para os tempos atuais. É comum ainda encontrar nas ruas pessoas a conversar em seu dialeto originário.

Após 150 anos de imigração, encontramos um povo hospitaleiro, formado por famílias de diversas origens que aprenderam a conviver e a respeitar suas diferenças. Recentemente, entrevistei Lourdes Bogo, uma senhora aposentada de origem trentina, que compartilhou uma lembrança de sua infância em 1955. Enquanto seus pais e irmãos cantavam músicas italianas, ela avistou uma carroça com crianças de origem alemã e desejou interagir. Infelizmente, os pais das crianças afastaram-nas. Vinte anos depois, um homem a reconheceu e expressou seu desejo de ter brincado com ela, admirando as músicas que ouviu.

Outra entrevistada, Johanna Sacchet, de origem veneta, relatou que sua família pertencia a uma comunidade reclusa que falava o dialeto Veneto. Ela aprendeu português aos 7 anos e enfrentou resistência por sua origem italiana em uma região predominantemente alemã. Johanna atuava como intérprete para seus avós, que nunca aprenderam a língua portuguesa, mesmo tendo nascida no Brasil. Sua família vivia em comunidades fechadas, temendo represálias durante a ditadura de Getúlio Vargas, que proibia conversas em línguas estrangeiras.

Com a convivência das diversas comunidades divididas por cidades, sendo elas de origem italiana, alemã, polaca ou mesmo brasileiros colônias,  afro-descendentes ou ameríndias, permitiu aos poucos uma integração entra famílias de origens diversas. O que parece fantástico é como ainda se preserva a cultura dos imigrantes, ainda com sua herança linguística que influenciou a fonética, construções frasais e vocabular da língua portuguesa, falada com sotaque característico. A substituição da palavra avô e avó, por simplesmente Nonno e Nonna é algo que chama a atenção a pessoas de outros estados. A cultura “taliana” sobreviveu as situações mais improváveis como proibição da língua e influências culturais externas. O desejo do italiano imigrante era estar no seu país, mas na impossibilidade, trouxe o seu país para o Brasil, persistindo neste desejo, já que o retorno era muito difícil. A herança cultural ainda persiste por mais de 4 gerações, e provavelmente continuará por mais algumas gerações.

Diaspora italiana nella Valle dell’Itajaí: Resilienza in un’epoca di grandi difficoltà

di Cleiton de Queiroz

 

Le diaspore esistono e si formano sin dai tempi più remoti. La resilienza e l’apprendimento dei nuovi residenti sono fondamentali per l’adattamento in luoghi sconosciuti, specialmente quando devono condividere spazio con coloro che sono già stabiliti nella regione. Un esempio notevole è il popolo italiano, che, di fronte a difficoltà come fame, mancanza di alloggio e guerre, ha deciso di migrare verso un nuovo continente in cerca di una vita dignitosa e pacifica, non solo per sé, ma anche per coloro che sono rimasti nella loro terra natale e che avevano bisogno di ridurre la popolazione affinché quelli che restavano potessero sopravvivere. Il sacrificio è stato una forma d’amore per la madrepatria. Questo articolo affronta la diaspora italiana, che ha svolto un ruolo cruciale nella costruzione di diverse nazioni americane. Ci concentreremo sull’emigrazione nel Vale del Itajaí.

Con la speranza di terre fertili e di una vita migliore, questi emigrati hanno affrontato 30 giorni drammatici a bordo di navi a vapore, lasciando alle spalle familiari e amici, senza essere consapevoli che forse non sarebbero mai tornati, sebbene il ricordo della loro terra natale rimanesse vivo nei loro cuori, perpetuato nelle colonie americane. Nel Vale del Itajaí, gli italiani hanno dovuto ricominciare quasi da zero. A differenza di altre regioni del Brasile, come San Paolo e Minas Gerais, dove la società era già strutturata da grandi proprietari terrieri di caffè e ex-schiavi, gli italiani sono arrivati in un’area dove la colonia di Blumenau, composta da emigrati tedeschi, occupava già lo spazio. Fondata nel 1850, questa colonia presentava una cultura e una lingua distinte, e, 25 anni dopo, i coraggiosi italiani del Trentino, composti da 120 famiglie, arrivarono nella regione nel 1875. Gli stessi tedeschi aiutarono a condurre i nuovi emigrati verso le terre dove si sarebbero stabiliti.

L’insediamento dei nuovi emigrati della terra della scarpa è stato strategicamente portato in aree vicine a villaggi amerindi, e la geografia delle città di emigrazione italiana, come Rodeio, Ascurra, Benedito Novo e Rio dos Cedros, rivela che queste località erano limitrofe a riserve indigene. Questa organizzazione dell’emigrazione italiana mirava a creare uno scudo contro possibili conflitti, utilizzando gli italiani come una prima linea. La convivenza tra italiani e tedeschi, inizialmente segnata da ostilità, rifletteva la percezione che appartenessero a razze e culture diverse, senza contare che condividevano la prossimità con i popoli nativi, che vedevano l’occupazione con grandi alterchi. Tuttavia, gli italiani hanno affrontato la sfida con grande resilienza, sviluppando città che preservavano la loro cultura architettonica, il dialetto originario e la cucina. A poco a poco, le diverse comunità hanno acquisito la lingua portoghese, influenzando la loro fonetica e contribuendo con lessici della lingua emigrante.

La cosa più curiosa è che queste comunità si sono preservate e continuano a preservarsi bilingui, nella speranza di portare l’Italia di un tempo nei giorni attuali. È ancora comune incontrare per le strade persone che conversano nel proprio dialetto originario. Dopo 150 anni di emigrazione, troviamo un popolo ospitale, formato da famiglie di diverse origini che hanno imparato a convivere e a rispettare le proprie differenze. Recentemente ho intervistato Lourdes Bogo, una signora in pensione di origine trentina, che ha condiviso un ricordo della sua infanzia nel 1955. Mentre i suoi genitori e fratelli cantavano canzoni italiane, vide passare un carro trainato da cavalli con bambini di origine tedesca e desiderò interagire con loro. Purtroppo, i genitori dei bambini li allontanarono. Vent’anni dopo, un uomo la riconobbe ed espresse il desiderio che avrebbe voluto giocare con lei, ammirando le canzoni che aveva ascoltato.

Un’altra intervistata, Johanna Sacchet, di origine veneta, raccontò che la sua famiglia apparteneva a una comunità isolata che parlava il dialetto veneto. Imparò il portoghese a 7 anni e affrontò resistenze a causa della sua origine italiana in una regione prevalentemente tedesca. Johanna fungeva da interprete per i suoi nonni, che non impararono mai la lingua portoghese, pur essendo nati in Brasile. La sua famiglia viveva in comunità chiuse, temendo ritorsioni durante la dittatura di Getúlio Vargas, che proibiva le conversazioni in lingue straniere.

La convivenza tra le diverse comunità divise per città — che fossero di origine italiana, tedesca, polacca o persino coloni brasiliani, afrodiscendenti o amerindi — ha permesso, poco a poco, un’integrazione tra famiglie di origini diverse.  Ciò che sembra straordinario è come si preservi ancora la cultura degli emigrati, inclusa la loro eredità linguistica che ha influenzato la fonetica, la costruzione delle frasi e il vocabolario della lingua portoghese, parlata con un accento caratteristico. La sostituzione delle parole “avô” e “avó” con semplicemente Nonno e Nonna è qualcosa che colpisce le persone di altri stati.

La cultura “taliana” è sopravvissuta alle situazioni più improbabili, come la proibizione della lingua e le influenze culturali esterne. Il desiderio dell’emigrato italiano era di trovarsi nel proprio Paese, ma nell’impossibilità, ha portato il proprio Paese in Brasile, perseverando in questo desiderio, poiché il ritorno era molto difficile. L’eredità culturale persiste da più di quattro generazioni e probabilmente continuerà per molte altre ancora.